terça-feira, 13 de junho de 2017

O Alforje que Carrego.

Revendo os meus guardados, encontrei esta passagem da minha infância,
resolvi então passar para o papel e publicar.
Pode muito bem em alguns momentos a imaginação ter agido nas lembranças
e recordações encontradas.
Afinal estou muito distante deste época.

Para ler clique na imagem da capa do livro:


3 comentários:

  1. Pai suas histórias nos enchem de orgulho da sua trajetória!!!! Vamos publicar o discurso da minha Formatura ???

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  2. Terminei de ler hoje. Pelo celular mesmo. Keu computador está quebrado.
    É uma bela obra, repleta de ponderações a respeito da própria vida. Mentores e professores da vida.

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  3. Texto do Amigo Regis Barbier:

    Prezado Harry,
    Li o teu livro “O Alforje que Carrego”. expressividade e compreensão, primorosas em qualquer lugar. Alguns termos e  conceitos são surpreendentes, tais como: bloquear as memórias dos sentidos;  
    domínio intuitivo; pensamentos errantes; conversar consigo mesmo; falsos  hábitos e diversos outros. A noção de “intuição”, ou “domínio intuitivo”,  
    apresentada como argumento central da inteligência sensível reporta a um  
    notório conceito filosófico – no caso kantiano. O uso da “caminhada  
    ritmada” como tarefa de paciência e treinamento foi exercício antigo dos  
    filósofos peripatéticos e ainda é disciplina tradicional dos praticantes do  Zen budismo.
    Apreciei também a noção de timidez, descreve muito bem o que ocorre no  
    sentimento e assemelha-se com o mecanismo do “recalque” da psicanálise. As  
    passagens onde se descrevem as interferências do passado transbordando nas  
    interpretações e vivencias do momento tanto quanto as modelagens e  
    adaptações das memórias servem para amenizar as carências atuais são  
    primorosos e exatos.
    Essa narrativa de vivências firmes, evoluindo num cenário sertanejo  
    original, quase monástico na sua sobriedade, em busca de honrar plenamente  
    a natureza humana, possui uma grandeza e intensidade épica, heroica até. O  
    capítulo onde se narra a caça da onça é cativante. A frase – “O sistema  
    social formado pelos homens ao longo das suas existências, vem alterando a  
    estrutura intelectual, com condicionamentos gerando conflitos sem fins e, o  
    mais grave, deixando exposta à fome e à morte” – consegue compactar, em  
    poucas linhas, o essencial da tragédia humana.
    O exercício cotidiano e continuo da arte da plena atenção em busca de  
    sustentar a natureza humana, verdadeiramente humana, insinua uma doutrina  
    fundamental, um norteamento metafisico, que corresponde a esses  
    conhecimentos, comportamentos e realizações. Fica claro, como água de  
    rocha, que o treino e a salvaguarda da inteligência sensível (assunto do  
    livro) deveriam andar de par com uma nova educação, uma correção das ideias  
    e ideologias ilusórias à nossa natureza; um realinhamento filosófico  
    implicando uma demarcação certeira, livre de hipóteses, da nossa identidade  
    e relação com o meio.
    Logo, na narrativa de Harry, esses eventos revelam uma ética, um etho, que  
    se explicita igualmente nos discursos metafísicos dos filósofos  
    naturalistas – como os pré-socráticos, os estoicos, os epicurianos, os  
    spinozistas e muitos outros onde se reconhece o divino como radicalmente  
    integrado à natureza (e natureza humana) quando justamente examinada e  
    honrada. Uma doutrina filosófica humanista e existencialista, panteística,  
    emana logicamente da prática explicitada no livro, tanto quanto essa  
    prática evoca essa mesma doutrina.
    “Lembro-me de uma passagem daquela época (...) quando meu avô disse que,  
    para ser um homem, eu tinha que conhecer a natureza da vida. Não se tratava  
    de sexo masculino ou feminino e sim de como encarar a vida segundo a  
    natureza”.
    Não sendo, totalmente, uma sabia construção mnemônica do nosso autor, qual  
    seria a origem dessa “sabedoria sertaneja”? Certamente uma originação  
    espontânea, nativa, fruta da experiência e meditação própria, junto,  
    talvez, a um possível sincretismo agregando aportes indígenas e, quem sabe,  
    alguma forma de ecletismo manando de uma fonte erudita oralmente  
    transmitida.
    À luz do meu entendimento, a frase de Cassiano, “a sobrevivência é uma  
    necessidade, o nascimento não”, faz surgir na memória uma outra frase de  
    construção análoga, que contrasta igualmente um ato da natureza que se  
    denega a uma ação.   


    Atenciosamente,
    Régis Alain Barbier | barbier
    (Ago 2018)

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